
A Agência CentralSul de Notícias faz parte do Laboratório de Jornalismo Impresso e Online do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana (UFN) em Santa Maria/RS (Brasil).
Imagem: freepik
Com o avanço das redes sociais e o consumo acelerado de vídeos curtos, fica a dúvida: ainda cultivamos o hábito da leitura? Cada vez mais distraídos por estímulos rápidos, parece que a leitura tem perdido espaço no cotidiano das pessoas, especialmente entre os mais jovens. A sensação é de que os livros foram deixados de lado, substituídos por telas que exigem pouca concentração e oferecem recompensas imediatas. Essa mudança de comportamento não acontece por acaso ela reflete transformações culturais, tecnológicas e sociais que impactam diretamente a forma como nos relacionamos com o conhecimento. Mas o que perdemos quando deixamos de ler?
A substituição da leitura por conteúdos imediatistas pode gerar impactos significativos. A capacidade de concentração tende a diminuir, dificultando até mesmo tarefas simples do dia a dia, como ler um texto até o fim ou interpretar uma informação com profundidade. Além disso, a leitura é uma das principais ferramentas de desenvolvimento do pensamento crítico, da empatia e da criatividade. Quando deixamos de exercitar esses aspectos, corremos o risco de nos tornar menos reflexivos e mais influenciáveis.
A 6ª edição da “Retratos da Leitura no Brasil” em 2024 aponta que 53% dos entrevistados não leram nem mesmo parte de uma obra nos três meses anteriores à pesquisa. O número de não leitores verificado em 2024 representa um aumento de cinco pontos percentuais em relação ao de 2019, que era a edição mais recente da pesquisa. Os dados do ano ado são os que apresentam o maior número de “não-leitores” na série histórica do levantamento, que começou em 2007.
Além dos fatores culturais e tecnológicos, é impossível ignorar a influência das desigualdades socioeconômicas na formação do hábito da leitura. Em muitos lares brasileiros, faltam livros, bibliotecas íveis e até mesmo tempo livre para ler, já que grande parte da população precisa lidar com jornadas de trabalho longas e condições de vida precárias. A leitura, nesse contexto, acaba sendo vista como um luxo ou algo distante da realidade. A falta de políticas públicas que incentivem a leitura e democratizam o o ao livro, contribui para que a leitura permaneça restrita a uma parcela privilegiada da sociedade.
A perda do hábito da leitura no Brasil não é apenas consequência das novas tecnologias ou da preferência por conteúdos rápidos, ela também reflete uma realidade marcada por desigualdades sociais, falhas no sistema educacional e ausência de políticas públicas voltadas para o incentivo à leitura. Quando deixamos de ler, perdemos não só o contato com histórias, mas também com a capacidade de pensar criticamente, refletir sobre o mundo e desenvolver empatia. Reverter esse cenário exige um esforço coletivo: da escola, da família, do governo e também de cada indivíduo. Em tempos de excesso de informação e escassez de atenção, ler pode ser um ato de resistência e de reconexão com nós mesmos.
Artigo produzido na disciplina de Narrativa Jornalística no 1º semestre de 2025. Supervisão professora Glaíse Bohrer Palma.
O movimento dos taxistas, que já foi frequente nas ruas de Santa Maria, tem diminuído cada vez mais com o crescimento dos motoristas de aplicativos. Para Ivan Chaves Flores, 70, com 35 anos de profissão, a realidade atual é de luta constante e concorrência desleal na cidade.
Em entrevista a reportagem, Ivan explicou os desafios que enfrenta diariamente no trabalho. “O movimento está muito fraco. Tem dias que mal conseguimos fazer uma corrida”, relata, destacando que a chegada dos aplicativos, foi o fator decisivo para a queda no número de ageiros. “Muita gente teve que entregar o táxi, alguns até por necessidade, porque não dava mais para sustentar a família com a profissão”, lamenta.
Hoje, segundo ele, o preço do quilômetro rodado é de R$ 4,00, mas Ivan enfatiza que a tarifa de R$ 6,64 que ele cobra por corrida não é suficiente para cobrir os custos de operação. “O aplicativo cobra metade do preço que nós cobramos. Como eles conseguem operar dessa forma? Não pagam os mesmos impostos que nós, e ainda oferecem tarifas muito mais baixas”, critica. O impacto, segundo ele, é claro: “Não tem como competir. É uma concorrência muito desleal.”
Um curso de renovação para taxistas é exigido para que eles possam continuar atuando legalmente e este é um exemplo de custos adicionais que não são obrigatórios para os motoristas de aplicativos. “A cada ano, temos que renovar o curso, que custa R$ 180,00, e não podemos esquecer dos impostos que pagamos.”, afirma.
Ivan também destaca que a última vez que a tarifa de táxi aumentou foi há dois anos, o que agrava ainda mais a situação. “Eu acredito que, se os aplicativos pagassem os mesmos impostos que nós, não teriam como manter essas tarifas tão baixas”, afirma.
Aplicativos de carro começaram a se popularizar em Santa Maria a partir de 2018. O taxista Paulo Conceição Lopes, com 47 anos de experiência na profissão, compartilhou sua visão sobre as mudanças que o setor de táxis tem enfrentado nos últimos anos, principalmente devido à essa crescente concorrência dos motoristas de aplicativo. A situação, segundo ele, tem piorado nos últimos dois a três anos, após o crescimento das plataformas de transporte. “Muita gente entregou o táxi. Pai de família que dependia disso teve que abandonar a profissão”, relatou Paulo. A falta de ageiros, o número reduzido de táxis e a falência de muitos motoristas têm sido consequências diretas dessa mudança no mercado.
Frota diminuiu pela metade
Além do impacto financeiro, a redução no número de veículos é uma realidade clara para os taxistas de Santa Maria. “Aqui, por exemplo, tínhamos uma frota de oito carros. Hoje, temos apenas quatro. O número de táxis na cidade caiu drasticamente.
Paulo Conceição, lembrou os tempos áureos, quando o número de táxis era bem maior. “Antes da popularização dos aplicativos, a quantidade de táxis na cidade era de aproximadamente 300 veículos. Hoje, esse número caiu para pouco mais de 100”, explicou. Ele também destacou a grande diferença nos volumes de trabalho, lembrando que, em seus melhores dias, conseguia realizar até 70 ou 80 corridas. “Hoje, o movimento está bem mais fraco, o cenário é muito diferente”, lamentou.
Táxi e aplicativo: facilidade de uso e preço são alguns determinantes
Cada vez mais pessoas estão optando por aplicativos de transporte em vez dos táxis tradicionais, principalmente devido à praticidade e ao custo mais ível. Alexia Da Silva, de 50 anos, pontua sua preferência: “Prefiro usar aplicativo do que táxi pelo custo mesmo. Moro em Camobi e trabalho no centro, a corrida de aplicativo às vezes consigo até por 10 reais, quanto de táxi aria dos 30 reais. São valores muito diferentes, o aplicativo é uma alternativa muito mais fácil e barato.”
A expectativa do taxista Ivan para o futuro é de uma possível mudança nas regras dos aplicativos, com o objetivo de estabelecer uma concorrência mais justa. “Se os aplicativos começassem a cobrar o mesmo que nós, o pessoal iria preferir pegar táxi”, sugere. Mas, enquanto isso não acontece, os taxistas continuam resistindo. Ivan, aposentado e com uma carreira consolidada, ainda segue no volante, mas sabe que muitos de seus colegas não têm a mesma sorte. “Eu aguento porque tenho a aposentadoria, mas para quem depende só do táxi, a situação está difícil.”
A mudança no perfil dos ageiros é perceptível. Se antes o público predominante era o de pessoas mais velhas, hoje os jovens também têm usado o táxi, especialmente quando os pais insistem para que não utilizem os aplicativos. O taxista Paulo também acrescentou que, em sua opinião, o público do táxi é variado. “Tem os mais velhos, que têm medo dos aplicativos, e até jovens que preferem o táxi por questão de confiança”, disse ele, ressaltando que, apesar dos aplicativos, o serviço de táxi ainda tem sua relevância.
Com a luta pela sobrevivência, os taxistas como Ivan Chaves Flores e Paulo Conceição Lopes seguem na esperança de que as regras do jogo possam mudar, trazendo uma concorrência mais justa e garantindo a sustentabilidade de uma profissão que, para eles, ainda tem muito a oferecer.
Produção: acadêmicos de Jornalismo Karina Fontes, Luiza Fantinel, Rian Lacerda
Matéria produzida na disciplina de Narrativa Jornalística do curso de Jornalismo, no 1º semestre de 2025, sob orientação da professora Glaíse Bohrer Palma.
Durante décadas, relatos de abusos sexuais, coerção e exploração de poder têm dominado Hollywood, a maior indústria de entretenimento. O USA TODAY revelou que 94% das mulheres na indústria do cinema já sofreram alguma forma de assédio e 21% foram obrigadas a realizar algum ato indesejado.
Em 2017, um movimento chamado #Metoo ganhou força com o intuito de demonstrar a prevalência generalizada de agressão sexual e assédio, especialmente nas indústrias de entretenimento. A manifestação encorajou as pessoas a falarem sobre seus abusadores poderosos dentro da indústria.
Harvey Weinstein foi condenado a 16 anos por estupro em Los Angeles. Imagem: Getty Images.
Harvey Weinstein foi um dos produtores mais conhecidos e importantes de Hollywood. Foi durante as manifestações de #Metoo que mulheres que trabalhavam com Weinstein começaram a falar sobre os abusos que sofreram. Harvey foi condenado em 2020 por violentar sexualmente a ex -assistente de produção Mimi Harleyi em 2006. Mimi relata que o produtor a levou para um quarto e forçou sexo. “Eu disse que não queria. Que estava menstruada. Eu tentei falar qualquer coisa que o fizesse parar, mas toda vez que eu tentava levantar da cama, ele me empurrava de volta. Então eu entendi o que estava, de fato, acontecendo – eu estava sendo estuprada”. Weinstein atualmente está preso por diversos crimes sexuais no Centro Correcional Mohawk, no estado de Nova York.
Durante as manifestações do #Metoo, outros casos também vieram à tona. O ator e roteirista Casey Affleck foi acusado de assédio sexual pela produtora Amanda White e pela diretora de fotografia Magdalena Gorka durante as filmagens do filme “Eu ainda estou aqui”, em 2010. Amanda afirma que Casey a assediou e constrangeu diversas vezes. Ela relata que ele a agarrou com força pelo braço após ela dizer que não subiria para seu quarto de hotel. Magdalena relembra em seu depoimento que, certo dia, enquanto dormia, o diretor se deitou na sua cama apenas de cueca e camiseta, embriagado. Ela afirma ainda que acordou com Casey “acariciando suas costas” e que não fazia ideia de quanto tempo ele estava ao seu lado sem o consentimento dela, já que estava dormindo.
O abuso não ocorre apenas fora das telas de Hollywood, mas também dentro delas. “Foi uma das experiências mais embaraçosas da minha carreira profissional”, declara a atriz Maria Schneider, que protagonizou o filme “O último tango em Paris” em 1972, sendo abusada durante as gravações do longa-metragem dirigido por Bernardo Bertolucci e estrelado por Marlon Brando. Em 2007, durante uma entrevista concedida ao jornal britânico Daily Mail, Schneider comentou que tinha sido “forçada” a fazer sequências que não estavam no roteiro. “Para ser sincera, senti-me um pouco estuprada”.
Produção própria. Fonte das informações: Adorocinema
Matéria produzida na disciplina de Linguagem das Mídias, no primeiro semestre de 2024, sob supervisão da professora Glaíse Bohrer Palma.