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Santa Maria, RS, Brazil

Saudade da roda de chimarrão 32o

A pandemia exigiu de nós transformações em todos os aspectos da vida. No âmbito profissional, foi preciso adaptar-se a novas rotinas; na vida diária, adquirimos hábitos que permanecem nossos grandes aliados em 2021: etiqueta respiratória, higiene das mãos (e de tudo que entra em nossa casa), uso de máscaras cada vez mais específicas e o convívio com aquela dúvida frequente, especialmente para quem mora no Sul: será que é Covid ou rinite?

Daqueles primeiros meses de 2020, em que pouco sabíamos sobre o vírus e a perspectiva de um fim que nunca chega, continuamos mantendo os devidos cuidados, especialmente com aqueles que mais amamos e que, no princípio de tudo, eram os que mais careciam de cuidados: nossos pais e avós.

Pode até parecer bobagem, mas não existe saudade maior do que a roda de chimarrão com o pai e a mãe. Quem é gaúcho sabe bem do que eu estou falando, e sei também que famílias de outros estados e países cultivam suas próprias tradições e culturas, seja na elaboração de um prato, ritual ou outro momento familiar partilhado. Nas poucas ocasiões em que estivemos juntos desde o ano ado, matei essa sede tomando um mate que meu pai fez para mim enquanto eles tomavam chimarrão em outra cuia. Mas “bah”, como dizem por aqui, com o preço da erva mate, isso é quase um luxo.

Aliás, luxo mesmo é ter todos os familiares vivos e saudáveis em dias tão difíceis. Se estão vacinados, já é possível vislumbrar um horizonte mais animador, em que poderemos estar novamente reunidos numa roda de conversa, reclamando de quem meche na bomba, perguntando qual a erva desse chimarrão ou falando do porongo bom que fez aquela cuia.

Enquanto isso ainda não é possível, nosso elo fica ainda mais forte por conta da filhota de quase quatro anos que, no começo de tudo, saiu da escola para preservar o que há de mais valioso nesse mundo: o contato, o colo e o carinho dos avós. É ela que leva até eles o nosso amor mais profundo, é ela que traz da casa deles o cheirinho, a sacola cheia de comidinhas gostosas e o cuidado que, mesmo à distância, só pai e mãe conseguem nutrir.

Quando isso tudo acabar – porque vai acabar, não é? – quero tomar mate com meus pais e saborear cada minuto da conversa boa, dos puxões de orelha e do pão de queijo que acompanha o amargo lá em casa. Quando isso tudo acabar, haja erva mate para matar tanta saudade.

 

 

Marielle Pereira Flôres, jornalista – secretária do Gabinete da reitora da Universidade Franciscana

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A pandemia exigiu de nós transformações em todos os aspectos da vida. No âmbito profissional, foi preciso adaptar-se a novas rotinas; na vida diária, adquirimos hábitos que permanecem nossos grandes aliados em 2021: etiqueta respiratória, higiene das mãos (e de tudo que entra em nossa casa), uso de máscaras cada vez mais específicas e o convívio com aquela dúvida frequente, especialmente para quem mora no Sul: será que é Covid ou rinite?

Daqueles primeiros meses de 2020, em que pouco sabíamos sobre o vírus e a perspectiva de um fim que nunca chega, continuamos mantendo os devidos cuidados, especialmente com aqueles que mais amamos e que, no princípio de tudo, eram os que mais careciam de cuidados: nossos pais e avós.

Pode até parecer bobagem, mas não existe saudade maior do que a roda de chimarrão com o pai e a mãe. Quem é gaúcho sabe bem do que eu estou falando, e sei também que famílias de outros estados e países cultivam suas próprias tradições e culturas, seja na elaboração de um prato, ritual ou outro momento familiar partilhado. Nas poucas ocasiões em que estivemos juntos desde o ano ado, matei essa sede tomando um mate que meu pai fez para mim enquanto eles tomavam chimarrão em outra cuia. Mas “bah”, como dizem por aqui, com o preço da erva mate, isso é quase um luxo.

Aliás, luxo mesmo é ter todos os familiares vivos e saudáveis em dias tão difíceis. Se estão vacinados, já é possível vislumbrar um horizonte mais animador, em que poderemos estar novamente reunidos numa roda de conversa, reclamando de quem meche na bomba, perguntando qual a erva desse chimarrão ou falando do porongo bom que fez aquela cuia.

Enquanto isso ainda não é possível, nosso elo fica ainda mais forte por conta da filhota de quase quatro anos que, no começo de tudo, saiu da escola para preservar o que há de mais valioso nesse mundo: o contato, o colo e o carinho dos avós. É ela que leva até eles o nosso amor mais profundo, é ela que traz da casa deles o cheirinho, a sacola cheia de comidinhas gostosas e o cuidado que, mesmo à distância, só pai e mãe conseguem nutrir.

Quando isso tudo acabar – porque vai acabar, não é? – quero tomar mate com meus pais e saborear cada minuto da conversa boa, dos puxões de orelha e do pão de queijo que acompanha o amargo lá em casa. Quando isso tudo acabar, haja erva mate para matar tanta saudade.

 

 

Marielle Pereira Flôres, jornalista – secretária do Gabinete da reitora da Universidade Franciscana